• Photos !
  • recados dos leitores !

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Utimamente é assim :

Você passa parte da sua vida apaixonada por um certo alguém. O dedica versos, poesias e pores-do-sol. Sua vida gira em torno dessa paixão, desse amor, desse seja-lá-o-que-for. Você dedica horas do seu tempo pra pensar no que ele está fazendo, com quem está e se está bem. Investiga o que ele gosta, descobre seus gostos, manias e desgostos. A música dele preferida, de repente, torna-se a sua também. Aquele livro que ele leu e comentou, de repente, toma um valor especial e você se põe a ler. Na maioria das vezes, esse certo alguém não te dá a mínima. Não entende o que você quer e se entende sai de mansinho. Mas, nos casos mais raros, se você for uma pessoa de sorte, ele resolve retribuir o teu olhar e, quem sabe, o teu amor. Uma possibilidade de amor, você pensa. Finalmente, poderá encostar sua cabeça no ombro de alguém e contar sobre o seu dia. Finalmente, encontrará um abrigo. E é assim. Vocês estão felizes. Ninguém fala sobre isso, mas tudo bem, você até prefere assim, é melhor não dar nome às emoções. Você fica feliz
quando ele aparece e ele, aparentemente, fica feliz ao falar contigo. Vocês se falam todos os dias, ele é sempre fofo, aquele tipo de cara que você apresentaria pros seus pais com a cabeça erguida. Seus dias ficam cor-de-rosa, seus textos viram textos de menininha apaixonada. Andar na rua vira uma busca interminável por um olhar que possa ser o dele. Você se veste todos os dias como se fosse encontrá-lo. Mas não se encontram. E essa palavra, encontro, nunca é mencionada por nenhum dos dois. Você fica na sua, é claro, meninas não devem tomar iniciativas, é contra a regra. Ele também fica na dele. Deve estar esperando o momento certo, com medo de um não, você se convence. E assim passa o tempo. O seu amor cresce, cada dia mais irresponsável. Sai abrindo janelas, portas e lugares nunca imaginados. De repente, vira uma coisa louca que te consome e te vence todos os dias. O amor dele? ninguém sabe. Talvez nem ele. Mas vai dar tudo certo, você repete toda manhã. As coisas acontecem quando devem acontecer, você aprendeu assim.
Mas e quando não acontecem nunca? E quando o seu amor continua ali, implorando retribuição?
E quando as dúvidas, medos e desconfianças surgem e te fazem desistir? Aí dói. É como se a vida tivesse te avisando que o amor e, quem sabe, até a felicidade, não são pro teu bico. Aí você desiste. Junta os pedaços do coração, recolhe as palavras e vai. Dói ir. Dói olhar pra trás e ver que poderia ter dado certo. Dói olhar e ver sentimentos que nunca foram postos pra fora irem para o lixo. As pessoas tentam te consolar. Falam coisas como "vai passar", "o melhor ainda está por vir". Mas isso não importa pra você. Você se recusa a deixar isso passar e o melhor, algo te diz que já veio e já foi. Você não quer se recuperar. Se recusa a mostrar que está bem pra esfregar na cara dele que ainda existe vida sem ele. O seu amor se transforma em lágrimas. Que mancham sua maquiagem. Incham sua cara. Te desconfiguram. Mas no final, te deixam incrivelmente mais leve. Você escreve uma carta, sobre tudo o que você achava que ele sentia e a envia. Envia sem esperar resposta, mas no fundo, acreditando que ela vá chegar. Mas não chega, nem a carta, muito menos a resposta. Na verdade, você não envia. Você escreve e deixa naquele cantinho que é só teu. Aí, então, se um dia ele vier a ler e responder, vai ser porque algum dia ele parou pra pensar em ti, sentiu saudade das suas palavras e correu pra onde sabia que estaria escondido uma parte bem grande de você. Aquela parte que você sempre escondeu, porque sempre te disseram que assustaria as pessoas. Mas aí, enquanto o dia não chega, o tempo vai passando e a sua vida seguindo.
No primeiro dia você pensa o tempo todo, no segundo só antes de dormir e, de repente, quando você vai ver, pensar nele deixou de ser uma necessidade. Seu coração está leve, quase pronto pra amar de novo. Seus olhos estão limpos. Saiu a maquiagem, saiu toda lágrima, saiu tudo o que te prendia ao passado. Ano Novo, Vida Nova, você pensa. E, de repente, quando você menos espera, você olha pro lado e vê alguém que te vê há muito tempo. Ele não faz teu tipo, não tem quase nada que te atraia, mas ele te ama. E ele te observou o tempo todo. Enquanto o seu mundo estava fechado e se resumia àquele outro, o mundo desse aqui estava aberto, mas se resumia à você. Enquanto você só tinha olhos pra um, o outro esperava no canto dele, te observando e te desejando cada vez mais. O cara, que é todo errado, te valoriza, valoriza o que você diz, valoriza teu caráter e se preocupa com sua opinião. Não diz que te ama, mas prova. Mas você não quer se envolver com ninguém, é claro. Seu coração ainda dói um pouco e uma parte dele ainda insiste em querer aquele outro alguém. Você decide não se deixar levar por meia dúzia de palavras bonitinhas, daqui em diante as provas deverão vir juntas. Daqui pra frente, só cara a cara, olho no olho, branco no branco. Chega de alimentar ilusões. Chega de fantasiar a realidade. Chega do amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário